quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Voltar

Assim como sempre, estava ele lá, já passavam das 5 da manhã e ele não havia dormido. E como sempre calculava quanto tempo ele teria pra dormir. Manias e mais manias, uma das mais recorrentes ultimamente era a mania de ouvir, ver e tentar alguma vez sentir o que não sentia há muito.

Adoraria voltar para aqueles dias sem preocupação. Adoraria voltar a ser criança, sem ter carro, cartão de crédito ou namorada. Na época em que as garotas eram apenas garotas(desprezíveis por sinal) e não um objetivo todo fim de semana.

Cansou. De tudo! Alguém pelo amor de Deus invente logo esta maldita máquina do tempo que ele já não aguenta mais de tanta vontade que tem de visitar seu eu antigo, ou melhor novo né, antigo é ele atualmente.

Já até ensaiara algumas vezes o discurso, aproveite em quanto é tempo moleque, teus dias estão contados, nunca mais vai ter essa felicidade veradeira e plena. Triste? Sim, mas a vida é assim e ponto. Quando se está triste só pensa em quando ficara feliz novamente, e quando se está feliz vem aquele pensamento abalador, em pouco tempo o mundo desmorona e fudeu-se tudo!

Outra coisa que diria a seu eu, aproveite pra caralho seu terceiro ano, foi o melhor ano de sua vida. Onde passou a ser "adulto" tudo mentira, a aula era só mais um momento de alegria, zoação o dia todo, e ainda voltava durante a tarde pra educação física, ou seja, mais zuação.

Fim de semana? Com os mesmos amigos da escola, 7 dias por semana, 8 horas por dia, zuação! É tudo na vida? De jeito nenhum, mas quando se tem 18 anos é sim e ponto. Faz é muito bem quem aproveita. Perde-se um ano de trabalho mas ganha-se um ano de vida. Difícil é fugir desse ano. Sempre se estende por mais um pouco... E assim volta novamente a vontade de voltar a ser criança, um ciclo vicioso na vida de todos nós. Ou pelo menos na dele...

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Dói.

Maldita cabeça que não para de funcionar
Quisera eu poder desligá-la nem que fosse por um segundo
Passo a noite a pensar em você
E não, esse não é um poema sobre amor não correspondido
É um poema por um problema muito mais doído
Uma amizade que parece que se esvai sem que possamos fazer nada
Por malditas picuinhas bestas e pequenas
Tão pequenas perto dessa imensidão do carinho que sinto por ti.

Parece loucura da minha cabeça, mas acho que não quero mais te ver
Não enquanto essas picuinhas, que eu nem mesmo sei quais são, continuarem
Não enquanto não pudermos resolver nossos problemas
Não enquanto eu não puder resolver os meus problemas
E enquanto você ainda tiver os teus.

Desculpe-me por tudo o que já fiz
Mas sei que dificilmente fiz por querer
E se mesmo desse jeito ainda te machuco
Desculpe, é apenas o meu eu querendo gritar
Que sim, te amo.
Como já te disse milhões de vezes
E como direi outras milhões
Apesar dos pesares te amo.

Amor esse que nunca termina
Por que quando se escolhe a quem amar
Mesmo não podendo se escolher
É um amor eterno
Que dura enquanto o coração bate
E que mesmo que ele pare
Ainda podes sentir que te amo.

Desculpa por alguma coisa, tá?

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Rimas

Andava, andava e continuava andando
Versos e rimas passavam por ele voando
E nada dele alcançar
Nem mesmo aquela rima
Que qualquer criança sabe rimar

A rima do ir com o vir
A rima do lá com o fá
A rima do não com o cão.

Passam por ele o não, o cão e o vir
Batem em seus ouvidos lá o fá e o sí
E nada da rima encaixar
Lá ou cá

A rima que toda criança faz
A mais simples, a mais tola
Pra ele era sempre demais
Não gostava dessas rimas.

Gostava mesmo era de não rimar
Se sentia livre por nao o fazer
E adorava o jeito que seus poemas sem rimas se faziam
Se estendiam muito mais, quase que como uma história.

Até porque, o grande desafio da vida nao é rimar
É saber como dar asas ã imaginação presa
As rimas para ele eram quase que uma prisão
E não existe maior paradoxo do que esse.

De tanto tentar não rimar
Acabava rimando
E por assim assim se irritando
Rimas tolas!

terça-feira, 11 de maio de 2010

Renascendo

Nasci assim
Sem regras ou rimas
O mais engraçado é que não nasci
Sou uma recriação fajuta do meu eu que ficou numa caixa de cigarros

Então como sei que nasci?
Simplesmente nasci
Porque como meu autor não lembra de nada do que estava na caixa
Me refez.
E pior, ainda me deu o inicio clichê do outro

Ou seja, além de ser cópia de um poema ruim
Ainda sou uma cópia mal feita
Logo não sou mais o mesmo
Apenas um plágio do meu antigo eu






Dedicado à Úrsinha que, espero, tem o original deste, feito realmente numa caixa de cigarros

Sonhei!

Sonhei com você essa noite
Sonhei com ela essa noite
Sonhei com a Letícia essa noite
Sonhei com a gente essa noite.

Sonhei que voava
Sonhei que ela voava
Sonhei que eu voava
Sonhei que nós voavamos.

Sonhei que não consegueria mais sonhar
Sonhei que não sonhava mais
Sonhei que não a veria mais
Sonhei.

Não sonhei essa noite
Não sonhei essa noite
Não sonhei essa noite
É duro ter tantos sonhos repetidos.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

O Choro

E todo mundo acreditava nele. Ele iria sim parar em algum lugar alto. Algum cargo bom, ganhando um dinheiro forte. Mas se perdeu. No meio da vida seu caminho desviou. Ou melhor, foi desviado. Mesmo não tendo visto aquela linda ruiva ao passar na frente de seu carro, na chuva, correndo pra não ter sua blusa lavada com as lágrimas que vinham de cima.

Lágrimas pesadas e fortes, mas não tão intensas quanto as que caiam do rosto dele. De dentro do carro ele chorava de soluçar, não por ter perdido alguém de sua família, nem por ter terminado aquele romance de anos. Chorava porque queria e gostava de chorar, assim, do nada, apenas olhava pra frente e chorava.

Foi tentando descobrir o porque de tantas gotas pesadas em suas bochechas que acabou conhecendo-a. Entrou no consultório de sua mais nova terapeuta, limpou-se da pouca chuva que tomou do carro até a entrada do prédio, olhou para os dois lados e mesmo assim não a viu. Passou por ela e nem sequer notou. Entrou no consultório, falou tanto que ficou com a boca seca, achava aquilo uma tremenda duma babaquice, contar os problemas para uma pessoa que apenas o olhava e balançava a cabeça. Se sentia um tolo por pagar uma coisa dessas.

Mas era o jeito, ninguém nunca conseguiu descobrir o porque de cair em lágrimas do nada sem que nada lhe acontecesse.

Assim que acabou a consulta, foi correndo para não perder o elevador. Não o alcançou. Ah se o tivesse feito, todos os seus problemas estariam resolvidos, não teria descido as escadas, escorregado e batido com a cabeça no frio degrau. Não teria partido ali, sem nem ao menos saber o nome da ruiva a quem tinha notado diversas vezes por aquele prédio, e que sua insegurança não o deixava tentar falar alguma coisa. E então descobriu o motivo de seu choro constante, percebeu então que só aquilo poderia fazê-lo chorar tanto assim, mas preferiu guardar pra si mesmo à ter que sair por ai se explicando, tudo por causa da maldita insegurança.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

A noite.

Deitou-se como fazia todos os dias, sentiu seu coração disparar. Ok, isso não era normal, mas também não era de todo anormal. Sentiu que precisava fazer algo a respeito. Mas o que?

Levantou-se de novo. Foi à cozinha, bebeu meia dose daquele whisky 21 anos. Agora vai.

Deitou-se. Adormeceu. Beleza, conseguiu dormir. Que nada, la vem o coração de novo. Dispara e ele desperta. Engraçado né? Nunca tinha visto coração despertador. Foi à cozinha novamente, decidiu-se que era preciso algo mais forte que um mero whisky, partiu direto para a cachaça. Uhhm, uma cachacinha. E assim por diante a noite inteira. Quando viu já era dia e ele bêbado feito um gambá. Coitado. Pena. Imagina se seus amigos o vissem assim.

Amigos? Quais? Os que morreram ou os que casaram? Ou seriam os falsos? Desses ultimos já estava farto, não queria nem vê-los mais. Mas às vezes era preciso, pelo menos o divertiam.

E no meio dessas voltas que o mundo dava, cada vez mais rápido, sentiu que algo coçava sua garganta. Vomitou. Mas será possível? Sua mulher o mataria. Isso se ela fosse real. O que nunca foi. Mas assim era realmente impossivel dormir. Assim ninguém conseguiria e sua insônia seguiria até que a morte os separasse. Ou não, imagina se até na hora da morte a insônia se abatesse e ele não tivesse seu tão sonhado sono profundo e eterno. Sonhado aos poucos né, pois a muito não dormia direito, isso quando dormia. Sentiu que algo lhe faltava. CLARO, o sono seu bêbado imundo. Vamos, levante-se. Ok, permitiu-se dormir um pouco.

Já se passaram alguns minutos e ele nada de levantar. Será que morreu? Nunca tinha dormido tanto. Morreu? Se sim seria um alivio, nada mais de corações disparando a toa ou de bebedeiras à noite. Mas e se não? Será que gostaria de dormir tanto assim? Não estava acostumado a isso. Vamos, acorde. Acorda vagabundo, tens que trabalhar ainda hoje.

Não vai levantar? Então que fique ai, atirado ao chão. Por sorte não tem mulher nem filhos para o verem nesse estado. Garanto-te que se houvesse, sentiria nojo e pena de você. Assim como ele sentia.

Ele? Ele quem? Alguém? Tem alguém ai? Por favor, responda.

Pronto, acordou. Agora te levanta e vai tomar banho pq esse cheiro de bebida já está deixando todos bêbados.

Sim, SIM, TODOS!! Eu, você e o leitor idiota. Vai levanta e vai tomar banho, depois eu acabo de contar a sua história.